23 de novembro de 2021 Helio Jaques Rocha-Pinto0
O evento LSST Brazil 2021 (https://lsst-brazil2021.linea.gov.br) acontece nos dias 7 e 8 de dezembro, sendo uma iniciativa do Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LIneA) em apresentar à comunidade brasileira o andamento do ambicioso projeto Legacy Survey of Space and Time (LSST), que será conduzido no Vera C. Rubin Observatory e já tem o início de suas atividades programadas para o ano de 2022 e se estenderá até 2038.
O LSST é uma grande colaboração internacional, com 28 países participando do projeto. O Brasil participa do LSST desde 2015 através de um acordo do qual o LIneA é signatário. Esta participação é coordenada pelo Brazilian Participation Group (BPG-LSST). Recentemente, através de projetos submetidos pelo LIneA, um grande número de novas posições estão disponíveis para a comunidade brasileira interessada em trabalhar no LSST.
Os objetivos deste evento de dois dias são: (1) trazer atualizações sobre o LSST e (2) mostrar as oportunidades para comunidade científica e encorajar sua participação neste projeto na fronteira do conhecimento. Para tal, foram convidados pesquisadores internacionais ligados diretamente ao projeto (dia 1) e pesquisadores brasileiros ligados ao BPG (dia 2).
O evento será transmitido via YouTube, sendo 100% online e gratuito e aberto a todos os interessados em diferentes níveis de carreira. O público é convidado a interagir e tirar suas dúvidas, já que todas as perguntas postadas no chat do YouTube serão redirecionadas aos palestrantes.
Demais dúvidas podem ser encaminhadas para cde@linea.gov.br.
Venha saber mais e participar de um dos maiores projetos da astronomia!


2 de novembro de 2021 Helio Jaques Rocha-Pinto0

É com grande pesar que o Laboratório Nacional de Astrofísica comunica o falecimento do pesquisador e amigo Carlos Alberto Pinto Coelho de Oliveira Torres na manhã de hoje, em Itajubá, MG.

Carlos Alberto foi um pesquisador incansável e produtivo, com importantes contribuições na área de estrelas jovens. Homem de visão estratégica, vislumbrou há tempos o LNA de hoje, as colaborações e os consórcios internacionais.

Também transitava amiúde e com facilidade entre as letras e a literatura. Sua paixão por viajar só fez crescer seus já vastos conhecimentos sobre história, geografia e enologia — seu outro grande prazer além da astronomia.

Carlos Alberto graduou-se em Física pela UFMG: licenciatura em 1969 e bacharelado em 1970. Obteve o título de mestre pelo ITA em 1972. Foi auxiliar de ensino na UFMG entre 1968 e 1971, e no ITA, de 1971 a 1973. Já no Observatório Nacional, mudou-se para Itajubá em 1979 a fim de integrar a equipe do ainda em construção Observatório Astrofísico Brasileiro — OAB. Chefiou o OAB desde 1984 e depois foi diretor do LNA até o início de 1994.

No LNA, Carlos Alberto liderou dois importantes levantamentos de estrelas jovens, sempre em parceria com seu amigo e colaborador desde os tempos do ITA, Germano Rodrigo Quast. Um deles é o Pico dos Dias Survey, (PDS) que lhe rendeu o doutorado em 1998, e o outro é o SACY – Search for Associations Containing Young Stars. Deles também foi a identificação de estrelas T Tau fora das nuvens interestelares que poderiam tê-las originado, bem como a descoberta, em parceria também com Roger Coziol, Francisco Jablonski, Ramiro de la Reza, Jacques Lépine e Jane Gregório-Hetem, do quasar mais brilhante no universo vizinho 1997, dentro do PDS.

Carlos Alberto deixa um legado científico de peso que certamente vai levar jovens pesquisadores pelo mesmo caminho. Deixa também um vazio na vida de várias gerações de pesquisadoras e pesquisadores que se formaram durante os 41 anos do OPD. Seus amigos, colegas e familiares seguem em frente, inspirados por sua grande vontade de viver.


A Diretoria da Sociedade Astronômica Brasileira manifesta seu pesar pela perda de tão estimado colega, que foi sócio fundador desta sociedade. Expressamos nossas profundas condolências aos familiares e amigos.



26 de agosto de 2021 Helio Jaques Rocha-Pinto0
Pesquisador Germano Bruno Afonso durante o evento “Da Aldeia para Universidade” em 2018 na UFBA / Imagem: Giovanna Hemerly

Faleceu hoje pela manhã, em Curitiba, o astrônomo Germano Bruno Afonso.

Germano tinha 71 anos de idade. Era Doutor em Astronomia de Posição e Mecânica Celeste pela Université Pierre et Marie Curie (Paris VI), Mestre em Ciências Geodésicas e Graduado em Física pela Universidade Federal do Paraná. Foi Professor Titular de Física de Universidade Federal do Paraná. Germano atuava apaixonadamente no ensino de Física e popularização de C&T e tinha um especial apreço pela pesquisa acerca da Astronomia dos Povos Indígenas, sendo um dos pioneiros nessa área no Brasil.

A Diretoria da SAB, em nome de seus sócios, expressa suas profundas condolências à família e amigos de Germano Afonso pela perda.



23 de novembro de 2020 Helio Jaques Rocha-Pinto0

A SAB assina a carta preparada pela SBPC e entidades da Iniciativa para a CT no Parlamento para o Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, solicitando apoio à Proposta de Emenda Constitucional nº 24 de 2019, que exclui as despesas de recursos próprios das Universidades e Institutos Federais dos limites do Teto de Gastos.

 

 

Brasília, 17 de novembro de 2020

Excelentíssimo Deputado Federal Rodrigo Maia
Presidente da Câmara dos Deputados

Prezado Presidente Rodrigo Maia,

Escrevemos esta carta para pedir à Vossa Excelência que apoie a votação da Proposta de Emenda Constitucional no 24 de 2019, que exclui as despesas de recursos próprios das Universidades e Institutos Federais dos limites do Teto de Gastos. Em primeiro lugar, vale ressaltar que os recursos próprios são advindos de variadas iniciativas das instituições: convênios e acordos de cooperação tecnológica, aluguéis, patentes, entre outras fontes. Os recursos de convênios e acordos de cooperação tecnológica são para projetos de pesquisa, os quais não recebem recursos do orçamento das Universidades.

Não há justificativa, portanto, para que estes recursos estejam limitados aos tetos do orçamento público. Aliás, ressalta-se que a queda na obtenção de receitas próprias pelas Universidades e Institutos Federais é também resultante do impacto da Emenda Constitucional do Teto de Gastos. Ainda mais relevante é o fato de que as Universidades Federais e Institutos Federais vêm sofrendo sucessivos cortes de orçamentos, tanto no que diz respeito à pesquisa quanto no financiamento em si.

Do orçamento de 2020 para a proposta (PLOA) para 2021, enviada pelo governo ao Congresso, verifica-se um corte nos recursos discricionários destinados às Universidades Federais de 17,5%; para os Institutos Federais, a queda foi de 16,5%. Para o mesmo período, também podemos observar o corte no financiamento de pesquisas. O orçamento da Capes foi reduzido de cerca de R$ 4,25 bilhões. em 2019, para R$ 3,07 bilhões em 2020. A previsão para 2021 é de R$ 3,04 bilhões, mas um terço destes recursos está condicionado a créditos futuros. Os recursos para bolsas do CNPq serão 10% menores que os de 2020 e 60% deles estão condicionados; para o fomento à pesquisa, a previsão para 2021, no CNPQ , é de apenas R$ 22 milhões, 18% do valor de 2019. É importante se promover a recomposição dos orçamentos na PLOA 2021, de tal forma que não haja prejuízos maiores ao sistema de ensino e pesquisa do País.

Além disso, e diante deste cenário extremamente preocupante para as Instituições Federais de ensino, é essencial que a PEC 24 seja votada ainda em dezembro de 2020. Entendemos as dificuldades de votações de emendas à Constituição de maneira remota, mas sabemos que exceções foram feitas para temas de urgência e com grande relevância para o país. Estamos solicitando, portanto, que a educação superior e a pesquisa científica brasileiras tenham o mesmo tratamento de urgência e priorização nesta Casa.

Cordialmente,
ABC – Academia Brasileira de Ciências
ANDIFES – Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior
CONFAP – Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa
CONIF – Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional Científica e Tecnológica
CONFIES – Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica
CONSECTI -Conselho Nacional de Secretários para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação
IBCIHS – Instituto Brasileiro de Cidades Inteligentes, Humanas e Sustentáveis
SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
SAB – Sociedade Astronômica Brasileira
(e várias outras sociedades científicas)

 



6 de novembro de 2020 Helio Jaques Rocha-Pinto0

Iniciamos em 1 de novembro um novo mandato à frente da Diretoria da SAB com disposição para ampliar o rol de atuações da nossa sociedade e estreitar o contato com os associados em seus diversos níveis. Agradecemos os votos de confiança que nos foram dados durante a eleição para a Diretoria, no mês passado. A Diretoria anterior fez um incrível esforço para modernizar alguns serviços e práticas da secretaria, atualizar o regimento à nova configuração da sociedade, abrir canais de comunicação com o público e com os sócios. Somos gratos a todo esse esforço e faremos nossa parte para mantê-los e consolidá-los.
Helio J. Rocha-Pinto, em nome da Diretoria da Sociedade Astronômica Brasileira, mandato 2020-2023.


10 de setembro de 2020 ADM0

Uma vida intensamente dedicada a ciência


João vivia e transpirava ciência: como pesquisador, orientador, administrador e gestor científico, professor e divulgador. É impossível resumir seu curriculum. Me atenho a aspectos de seu perfil que talvez sejam menos conhecidos pelos astrônomos mais jovens.

Participou de órgãos governamentais como a Secretaria Nacional de Ciência e Tecnologia, criação dos Parques Tecnológicos do Estado de São Paulo, Direção do INPE, direção Instituto de Estudos Avançados (IES/USP) e do IAGUSP. Teve condecorações como Comendador da Ordem do Rio Branco em 2001 e nos EUA como Membro Honorário da American Astronomical Society, em 2018. Teve participação ativa na SBPC ao longo de muitos anos.

Ele foi um dos fundadores da SAB, teve papel chave na transformação do OAB em Laboratório Nacional de Astrofísica, na entrada do Brasil no consórcio Gemini, na criação do telescópio SOAR e agora na entrada do Estado de São Paulo no Telescópio Gigante Magalhães.

Sua fama atraiu muitos jovens para a Área de Astronomia. Formou uma geração de mestres e doutores de primeira linha, alguns deles com emprego no exterior.

Como educador, sempre levantou o entusiasmo dos alunos. Suas aulas do curso Astronomia uma Visão Geral, do IAGUSP, foram gravadas pela TV Cultura e têm mais de 1 milhão de downloads. Alguém precisa desvendar o segredo de como um curso de nível universitário pode atingir tamanha audiência no Brasil. Ele estava mantendo um curso semi-presencial de formação de professores de grande sucesso no Estado de São Paulo. Foi um dos participantes da série primorosa de vídeos científicos – Fascínio do Universo – feitos na colaboração GMT-UNIVAP que será lançado em breve.

Seu porte grande de alemão podia até despertar um certo receio nos mais desavisados, mas sabia fazer crianças pequenas felizes, principalmente bebês de colo.

Os indígenas brasileiros dizem que quando uma pessoa morre, ela vira uma estrela. Não se assuste se encontrar uma nova estrela de PRIMEIRA MAGNITUDE no céu.

A Sociedade Astronômica Brasileira manifesta seu pesar pela perda de seu colega João Evangelista Steiner. Nossas condolências aos familiares e amigos.



15 de agosto de 2020 ADM0

A Sociedade Astronômica Brasileira manifesta seu pesar pela perda de seu sócio Irineu Gomes Varella. Nossas condolências aos familiares e amigos.


Neste 15 de Agosto recebemos a triste notícia do falecimento do colega e amigo Irineu Gomes Varella deixando um grande legado em ensino e divulgação da Astronomia.

O Irineu graduou-se em Matemática e Física pela USP no final dos anos 70. Ainda nos tempos de faculdade, já era Professor no Planetário Municipal de São Paulo.

Concluindo sua graduação, iniciou uma Pós-graduação em Astrometria no IAG-USP, onde também, colaborou durante muitos anos, com a elaboração do Anuário Astronômico desse Instituto.

No início da década de 80 assumiu o posto de Diretor do Planetário Municipal de São Paulo onde permaneceu até 2002.

Em 2010 concluiu o curso de Especialização em Astronomia na Universidade Cruzeiro do Sul.  Em 2017 concluiu seu mestrado no IAG-USP.

Ao longo de toda sua vida, dedicou-se com muito amor e intensidade ao ensino e a divulgação científica, tanto no que diz respeito ao contato com o público como nos bastidores junto a inúmeros outros colegas com quem compartilhava as mesmas intenções e objetivos

Proferiu ao longo de sua vida, um número incontável de aulas e palestras em todos os níveis, dando uma contribuição enorme para o desenvolvimento da Astronomia em nosso país.



A Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) vem a público para corrigir graves erros de Astronomia presentes na matéria “Ponto ao lado do Sol é destaque na Previsão do Tempo”, veiculada em 2017 pelo programa Bahia Meio Dia da TV Bahia. O vídeo tem sido compartilhado em vários momentos nas redes sociais, dando a entender que seja uma transmissão recente. Devido aos erros ali presentes, julgamos por bem esclarecer alguns pontos fundamentais.

Ao contrário do que o programa afirma, o ponto apresentado ao lado do Sol não é o planeta Marte, mas sim muito provavelmente um reflexo do próprio Sol sobre a lente da câmera. Presentemente, Marte está visível à noite nos céus da Bahia, a partir das 01 horas de Brasília, deixando de ser visível quando o Sol nasce. Ainda, não há qualquer sentido na explicação apresentada pela jornalista acerca de a Terra se afastar do Sol no inverno e entrar na órbita de Marte. Os planetas do Sistema Solar não cruzam as órbitas uns dos outros, as quais são suficientemente distantes entre si. Cabe ainda esclarecer que o inverno não é causado pela distância da Terra ao Sol, mas sim devido à inclinação do equador da Terra com respeito ao seu plano orbital, que faz com que os raios solares incidam mais inclinados nesta época do ano no hemisfério sul.

A SAB desconhece quem seja o Sr. José Carlos, citado como astrônomo consultado pela equipe do programa Bahia Meio Dia. A falta de sobrenome e de instituição ao qual está filiado não nos permite concluir que a pessoa consultada seja, de fato, um astrônomo, ou sequer que exista.

Aproveitamos para ressaltar que a SAB está à disposição da Imprensa para quaisquer dúvidas referentes a matérias sobre Astronomia.



7 de agosto de 2019 Thiago Signorini Gonçalves1

A Diretoria da Sociedade Astronômica Brasileira vem a público para declarar seu apoio ao Diretor do INPE, Dr. Ricardo Galvão, bem como ao corpo técnico do INPE em face à recente polêmica envolvendo o governo federal e a divulgação de indicadores acerca do desmatamento na Amazônia produzidos pelos programas de monitoramento sistemático deste instituto.

O INPE é reconhecidamente a instituição brasileira mais capacitada ao tratamento de dados de sensoreamento remoto. Sua experiência nessa atividade acumula mais de 40 anos de pesquisa sistemática, o que por si só já merece atenção cuidadosa.

Preocupa-nos ainda o modo com o qual diversas estruturas do governo federal vem desprezando ou diminuindo as informações e dados colhidas pelos Institutos Federais de Pesquisa e Universidades Públicas, enxergando motivações ideológicas em todos aqueles recortes da realidade que não corroborem sua própria visão de mundo. Dados não comportam viés ideológico, especialmente séries históricas, calcadas em uma mesma metodologia, reconhecida por organismos internacionais e referendada por medições independentes, como é o caso das medidas de desmatamento realizadas pelo INPE com base nos satélites espaciais.

Governos anteriores já descuidaram da devida atenção ao Meio Ambiente. Todavia, o atual aumento na taxa de desflorestamento surge como consequência direta das políticas implementadas pela atual gestão, que vem concedendo permissão para mineração em áreas indígenas, flexibilizando demasiadamente a concessão de licenciamentos ambientais, sucateando órgãos de defesa ambiental e promovendo alterações no Código Florestal. O problema torna-se agudo neste até mesmo pela total falta de diálogo dos ministérios com a sociedade científica.

Os dados coletados pelos cientistas do INPE mostram uma realidade que não deve ser escondida, por impactar a vida de toda a sociedade, e não apenas no Brasil. A destruição do ecossistema amazônico levará ao colapso a estabilidade climática na América do Sul, aumentando drasticamente a estiagem no Sudeste brasileiro, onde se encontram boa parte dos reservatórios hídricos. Além da perda irreversível da diversidade biológica, corremos o risco concreto de condenar o futuro socio-econômico da região mais próspera do país.

Exortamos o Governo Federal e seus representantes a deixarem de lado suas preconcepções sobre a realidade e atentarem aos dados produzidos pelos acadêmicos e pesquisadores que se especializaram em suas respectivas áreas. A interpretação ideológica da realidade não pode fugir das evidências coletadas na natureza e na sociedade. O sucesso das políticas públicas depende da observação constante dos indicadores socio-econômico-ambientais produzidos pelos órgãos competentes, por pessoal qualificado.

E, finalmente, repudiamos profundamente que o resultado final dessa questão já se configura como uma intervenção no INPE, com a demissão nesta sexta-feira, dia 2 de Agosto, do Diretor Ricardo Galvão.

Diretoria da Sociedade Astronômica Brasileira



10 de abril de 2019 Thiago Signorini Gonçalves1

Imagem do buraco negro supermassivo no centro de M87 obtida com o Telescópio Horizonte de Eventos. Créditos: Event Horizon Telescope Collaboration

Por Oswaldo Miranda, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)

Astrônomos conseguiram produzir a primeira imagem de um buraco negro, estabelecendo uma nova etapa para estudo e compreensão desses objetos, que são os mais enigmáticos do universo.

A imagem apresentada, durante conferência realizada nesta quarta-feira, 10 de abril de 2019, mostra um halo de poeira e gás, traçando o contorno do buraco negro que se encontra no centro da galáxia M87, a 55 milhões de anos-luz da Terra.

O buraco negro em si – um “poço de potencial” do qual nem a luz e nem a matéria podem escapar –  é invisível. Mas as imagens produzidas levam os astrônomos ao seu limiar pela primeira vez. Isto é, permitem “iluminar” a região próxima ao horizonte de eventos – a chamada fronteira de não retorno do buraco negro.

A imagem inovadora foi obtida pelo Telescópio Horizonte de Eventos (Event Horizon Telescope – EHT), uma rede de oito radiotelescópios que vão desde a Antártida até a Espanha e o Chile, em um esforço envolvendo mais de 200 cientistas ao redor do planeta.

O EHT capturou a radiação emitida pela matéria que circunda, na forma de um disco, o buraco negro. A matéria é aquecida a bilhões de graus à medida que gira ao redor do buraco negro antes de desaparecer no seu interior.

A aparência em forma de crescente, da auréola na imagem obtida, surge por causa das partículas que estão no lado do disco voltado em direção à Terra. Elas são lançadas na nossa direção e por isso ficam mais brilhantes. A sombra escura, na região central da imagem, marca a borda do horizonte de eventos, além do qual nem a luz consegue escapar da atração gravitacional do buraco negro.

O EHT alcançou a sensibilidade necessária combinando dados de oito dos principais rádio observatórios do mundo, incluindo o “Atacama Large Millimeter Array” (Alma), no Chile, e o telescópio Pólo Sul, criando um radiotelescópio efetivo do tamanho da Terra.

Quando as observações começaram, em 2017, o EHT tinha dois alvos principais. O primeiro, era Sagitário A*, o buraco negro no centro da Via Láctea, que tem uma massa da ordem de 4 milhões de massas solares. O segundo alvo, que produziu a imagem, foi o buraco negro supermassivo na galáxia M87, que possui o equivalente a 6 bilhões de massas solares.

O sucesso do projeto dependia de diversos fatores, como céus claros em vários continentes simultaneamente, além de coordenação altamente precisa entre as oito diferentes equipes. As observações nos diferentes locais foram coordenadas usando relógios atômicos com precisão de um segundo a cada 100 milhões de anos. O grande volume de dados gerados também foi sem precedentes. Em uma noite, o EHT gerou dados suficientes para preencher meia tonelada de discos rígidos.

As observações também forneceram um dos testes mais rigorosos para a teoria da relatividade geral de Einstein. A forma arredondada do “halo” do buraco negro, observado pelo EHT, está em acordo com as previsões da teoria de gravitação de Einstein.

Com as imagens geradas, e as que serão produzidas no futuro, será possível entender mais sobre a origem dos jatos que são lançados dos pólos, de alguns buracos negros, com velocidades próximas a velocidade da luz. Certamente, novos e interessantes resultados serão produzidos ao longo dos próximos anos pela equipe do EHT.