III SNEA – Atas – Comunicações em painéis

PROBLEMATIZANDO EPISÓDIOS DA HISTÓRIA DA ASTRONOMIA: TODA OBSERVAÇÃO É CARREGADA DE TEORIA? (TCP2)

Autores:

Flavia Polati Ferreira(Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ensino de Ciência/USP), João Zanetic(Instituto de Física/Departamento de Física Experimental/USP)

Palavras-Chave:

história e filosofia da astronomia; natureza da ciência; observação científica

Na pesquisa em ensino de ciências há uma longa tradição de autores que realizam investigações sobre a história e a filosofia da ciência e suas potencialidades para o ensino do processo de construção das ciências, conhecido como o ensino de elementos da “natureza da ciência”. Atualmente, diversos pesquisadores apontam que há controversas sobre a natureza da ciência, sendo que não existe uma única natureza para descrever a complexidade e especificidade do conhecimento científico.  Um dos pontos controversos, amplamente debatido por filósofos da ciência, é o debate sobre a neutralidade epistemológica das observações científicas. Nesta pesquisa apresentamos o debate epistemológico acerca do papel da observação científica fazendo o uso de diferentes episódios da história da astronomia. A partir da questão “Toda observação é carregada de teoria?” evidenciamos que este debate é controverso, e que há diferentes respostas de filósofos da ciência, tais como a de Ian Hacking (1936-), que apresenta uma postura mais empirista e a de Norwood Russell Hanson (1924-1967), que tem como tese principal a presença de carga teórica nas observações científicas. A discussão da relação entre a observação e sua impregnação de carga teórica é ilustrada com alguns episódios da história da astronomia, como as observações e descrições de Galileo Galilei (1564-1642) da Lua e das manchas solares e os caminhos de Johannes Kepler (1571-1630) rumo ao modelo de órbitas elípticas. Buscamos assim com este trabalho problematizar a relação entre observação e teoria com episódios da história da astronomia e fornecer subsídios a um ensino crítico em relação ao papel da observação na construção de teorias astronômicas.